O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou nesta sexta-feira (17) em entrevista à GloboNews que defende um debate sobre a volta do horário de verão que não leve em conta apenas a economia de energia – mas, também, os impactos da mudança nos costumes da população.
O horário de verão foi suspenso em 2019 pelo governo Jair Bolsonaro – em 2023, a área técnica do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) também avaliou que não havia necessidade de retomar a prática porque não haveria impacto significativo na geração e no consumo de energia.
Quando há horário de verão, os relógios são adiantados em uma hora para, supostamente, aproveitar o período de maior luminosidade no país entre os meses de outubro e fevereiro.
“Eu vejo a discussão sem nenhum tabu. Eu defendo isso no governo, o horário de verão deve ser desatrelado da questão exclusivamente energética. O horário de verão tem outras repercussões”, afirmou Silveira.
Em setembro, o g1 mostrou que a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) enviou uma carta a Lula pedindo a retomada do horário de verão e apontando impacto direto no faturamento dos bares e restaurantes, com alta estimada de 10% a 15%.
Esse efeito acontece porque, durante a vigência do horário de verão, “anoitece mais tarde” – o que, segundo os setores de turismo e atendimento, estimula os clientes a permanecer na rua por mais tempo e consumir mais.
“Há um impulso econômico em alguns setores. Então, eu tenho defendido junto ao MDIC, à Economia, que a gente possa olhar o horário de verão de uma forma mais holística, mais ampla. É importante para o Brasil, mesmo que nós tenhamos um momento de segurança energética como hoje, quando ela [a mudança nos relógios] impactar positivamente a economia”, afirmou Silveira.
“Tenho feito reiteradas reuniões afim de que, mesmo não tendo necessidade energética, se avalie no governo a possibilidade de estimular a economia com a possibilidade do horário de verão”, prosseguiu.
Horário de verão
O horário de verão foi instituído pela primeira vez em 1931, no governo de Getúlio Vargas. Mas só passou a ser adotado com constância a partir de 1985.
A medida foi criada para aproveitar a iluminação natural durante o verão, quando os dias são mais longos e as noites mais curtas. Dessa forma, haveria economia de energia e redução do risco de apagões.
A decisão final é do presidente da República, mas o Ministério de Minas e Energia é um dos órgãos que subsidiam o debate.
A área técnica da pasta avaliou, este ano, que a situação dos reservatórios e a oferta de fontes renováveis são suficientes para garantir o fornecimento de energia. Além disso, entendeu que o comportamento de consumo mudou ao longo do tempo, tornando a medida menos eficaz.
Ao suspender o horário de verão em 2019, o governo Jair Bolsonaro também afirmou que o adiantamento dos relógios em uma hora perdeu “razão de ser aplicado sob o ponto de vista do setor elétrico”, por conta de mudanças no padrão de consumo de energia e de avanços tecnológicos, que alteraram o pico de consumo de energia.
A suspensão do horário de verão resistiu inclusive à crise hídrica de 2021. Na época, o governo chegou a estudar a retomada da política, solicitando um parecer do ONS.
Fonte: G1